Cuidado com o silêncio. Nem sempre é um bom companheiro. Cuidado com o que vem por trás do silêncio, cuidado com o que o teu silêncio costumeiro diz a seu respeito e muito cuidado com tudo que ele gera dentro de você. Porém, mais cuidado ainda com aquele que usa o silêncio como regra de convivência.
Não é difícil fazer a leitura do silêncio quando ele já se transformou em ameaça, ou arma para desarmar, desestabilizar e até “matar na unha” como muitos dizem.
Aprenda que o silêncio nunca foi resposta, a não ser no coração do covarde.
O silêncio nunca foi saída para resolver problema, a não ser no coração do medroso.
O silêncio nunca foi a maneira honrada de romper um relacionamento, a não ser para aqueles que nunca foram capazes de amar de verdade.
E o silêncio nunca foi justificativa para uma mente tendente ao esquecimento ou por vezes atarefada. Nestes casos, é ele a voz gelada que confirma o desprezo. O silêncio pode ser resumido em abandono, no tanto faz, total falta de reciprocidade, mas nunca em qualidade de relacionamento. E quantos? Após tensa entrevista de emprego, já receberam o silêncio como um: “você não serve para nós!” É… O silêncio também é desinteresse.
Se você é fiel aliado do silêncio, então aceite que ele nem sempre é saída para a complexidade de seus problemas, quando muito, se torna um falso refúgio enquanto eles aumentam, ou age como a droga paliativa que traz um pouco de alívio, mas nunca a cura.
Aprenda a discernir quando o silêncio é positivo e a manejá-lo para refletir, planejar, sonhar, se conectar com seu interior. Use o silêncio como arma da sabedoria, compreendendo que às vezes ele é necessário ao que quer experiência. Use o silêncio para evitar conflitos desnecessários e para não ter que competir com ignorantes. Use o silêncio ao invés de se gabar, evitando se vender como soberbo. Use o silêncio como a pausa necessária para que tudo se acalme, inclusive sua mente. Use o silêncio enquanto outros gritam, blasfemam, se alteram, afrontam e xingam, mas não deixe que seu silêncio te construa ou, de alguma forma, destrua. Rompa com o silêncio, solte um brado e perceba que um grito de liberdade e o fim do silêncio são a mesma coisa.
Na verdade, não dá para esperar muito daquele que foi negativamente formado pelo próprio silêncio e, com o tempo, acabou se tornando escravo dele ao se distanciar, cada vez mais até de si.
Saiba que o silêncio, muitas vezes, pode ser como a água que, por diversas formas, vai invadindo a casa em forma de goteira, vazamento, infiltração e, não muito raramente, por inundação. Não importa como ela penetra, no final do processo, vai deixar o seu estrago. Muitas casas podem ruir, ou para sempre, se tornarem condenadas pela ação da água. Assim como a água, o silêncio tem sua utilidade e por vezes é mais valioso do que o ouro, mas ninguém pode viver totalmente alienado a ele.
Em muitos casos, o silêncio é valorizado e até romantizado pela psicologia, mas a vida é como uma música: o som e o silêncio no momento certo, mostrando que, se ambos são usados da maneira correta, produzem a pulsação e harmonia de que os relacionamentos necessitam para se tornarem sólidos. De fato, a pausa silenciosa ajuda a formar a música, mas a mensagem é sempre produzida pelo som. Se o falar às vezes incomoda, as pausas podem nos enlouquecer.
Se o silêncio te faz bem ou gera para você algum benefício, então, mais do que depressa, aprenda interpretá-lo.